Desafio das 5 Páginas: construção de atmosfera
Em nosso novo Desafio, exploramos mais três roteiros de leitores da página para entender como construir atmosferas poderosas em roteiros

Você valoriza as descrições dos seus roteiros? Existe um perfil de roteirista que busca ser o mais prático e sucinto possível. Embora não esteja errado, caso essa estratégia seja levada às últimas consequências, você pode acabar prejudicando a atmosfera da sua obra.
Afinal, como funciona essa coisa de construir atmosfera no roteiro? Roteiro, como bem sabemos, não é apenas um mapa, um guia com falas e descrições. É claro que o objetivo final de um roteiro é se tornar um filme ou série, mas não podemos esquecer que o primeiro contato ainda será com a escrita.
Para potencializar a experiência desse primeiro leitor, a construção da atmosfera fará toda a diferença no momento da leitura. Você não quer apenas apresentar uma cena de ação ou um diálogo dramático. Você quer que o seu primeiro leitor se sinta parte do seu universo narrativo e que em momento algum sinta que está lendo apenas um manual de instruções genérico.
Vamos explorar melhor esse tema a seguir, mas antes de mais nada não deixe de conferir o vídeo produzido pela nossa parceira Carol Santoian, que se inspirou em alguns dos roteiros selecionados em nosso Desafio para falar do tópico! Assista:
Tchekhov e a atmosfera

Em um artigo bem interessante no portal Industrial Scripts, o famoso princípio de Tchekhov é resgatado para lançar uma luz sobre esse tema. Nele, o dramaturgo sugere que se o autor apresenta uma arma no primeiro capítulo de uma história, essa mesma arma precisa ser disparada em um capítulo posterior. Se ela não for disparada, então ela não deveria estar lá.
Para compreendermos o papel desse princípio na construção ativa da atmosfera de um filme, a matéria traça um paralelo com o filme “Corra!” (2017), do cineasta Jordan Peele.
Em um primeiro momento, a cabeça do animal morto exibida como um troféu serve como elemento atmosférico. Chris se encontra em um ambiente hostil e predatório. O elemento, enfim, não encerra sua participação ali. Pelo contrário - acaba se tornando elemento ativo no plot. Chris utiliza a cabeça do animal para salvar sua vida próximo do final do filme.