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8 dicas de impacto para melhorar sua escrita imediatamente

Vai construir a estrutura ou revisar seu roteiro? Confira essas dicas práticas e veja sua história ficar mais interessante

Manchester à Beira-Mar
Manchester à Beira-Mar. Imagem: Trevous

Escrever um roteiro ou um livro já é difícil por si só. Que tal facilitar um pouco com algumas dicas breves, mas imediatamente benéficas?


Para ajudar nisso, trouxemos dicas traduzidas, adaptadas e complementadas de John Fox, autor e editor literário. Seja para pensar em uma sequência específica ou revisar seu roteiro, você com certeza irá aproveitar alguma dessas. Leia abaixo!


1. Internalize a técnica do Duplo Objetivo (ou Múltiplos Objetivos) 

Braking Bad.
Braking Bad. Imagem: reprodução

Quando refletindo, escrevendo ou revisando uma cena, existe um erro que muitos roteiristas cometem: dar a cada cena apenas um propósito. Avançar a trama, alívio cômico, informação de enredo, romance… Mas uma cena forte, distinta e que traz densidade deve tentar cumprir pelo menos dois propósitos ao mesmo tempo. 


Por exemplo, em 007, James Bond precisa conversar com Moneypenny. Isso acontece enquanto ele bebe um martíni? Não, acontece durante uma cena de perseguição de carro. Obtemos simultaneamente uma convenção do gênero e informações que desenvolvem a trama. 


É possível fazer cada uma dessas cenas separadamente? Claro. Mas essa técnica faz o dobro do trabalho: avança o plot e traz um frescor a uma cena de diálogo. 


2. Alerte sobre "os fazendeiros"


"O Fantástico Sr. Raposo".
"O Fantástico Sr. Raposo". Imagem: reprodução

Quer criar suspense em sua escrita? Então leia nosso artigo sobre isso!


Rapidamente, uma ótima maneira de criar suspense é contar ao público informações que traga nervosismo. Isso independe do gênero de sua história, já que o suspense pode ser uma poderosa ferramenta de escrita em qualquer história.


Por exemplo, em "O Fantástico Sr. Raposo", o autor Roald Dahl dedica uma página inteira para contar como o Sr. Raposo rasteja para fora de sua toca uma noite. Isso poderia ser muito maçante, não fosse pelo fato de que o leitor sabe de um fato importante: os três fazendeiros Boggis, Bunce e Bean estão esperando para emboscá-lo com rifles prontos. 


Isso aumenta os riscos e traz uma nova perspectiva sobre uma ação que poderia ser chata. Como estamos antecipando o tiroteio a qualquer momento, isso a torna uma cena realmente tensa. 


Portanto, certifique-se de que os leitores possam antecipar o conflito que está prestes a acontecer. Alerte sobre os "fazendeiros"!


3. Narrativas dentro da narrativa

Breaking Bad
Breaking Bad. Imagem: reprodução

Essa é uma grande lição de escrita de "Breaking Bad", mas que também está presente em muitas outras obras e até fábulas anteriores. 


Quando você precisa que um personagem diga algo a outro, você pode simplesmente fazê-lo dizer, mas às vezes essa não é a maneira mais interessante de fazer isso. 


No exemplo de Breaking Bad, há uma cena em que Mike precisa dizer a Walter "nada de meias-medidas". Porém, em vez de dizer isso dessa forma, ele conta uma história.


Quando era policial, Mike recebia chamadas de um homem que espancava sua esposa. Na décima vez, Mike o levou para fora da cidade, colocou uma arma em sua boca e disse: "Se fizer isso de novo, você vai pagar." Ele achou que esse aviso seria suficiente, mas em retrospecto, ele gostaria de ter ido até o fim e matado o homem. Uma semana depois, o marido matou sua esposa. E então Mike diz o ponto de toda a história: "Eu escolhi uma meia medida quando deveria ter ido até o fim." 


Ou seja: o ponto do diálogo pode ser potencializado se houver uma história ou metáfora por trás.


4. Emoções atrasadas

Manchester à Beira-Mar.
Manchester à Beira-Mar. Imagem: reprodução

Essa é uma ótima técnica para trazer mais realismo à sua personagem. Sempre que houver uma grande tragédia na vida dela, como ser rejeitada ou a morte de um familiar, o seu primeiro instinto é mostrar uma reação forte. Choram de joelhos, saem para beber demais ou se envolvem em brigas sem motivos. 


Mas John Fox recomenda outra estratégia: atrase essa reação emocional. Faça a personagem desabar por algo pequeno que desencadeie uma crise, mas somente um tempo depois do ocorrido – alguém corta a fila no supermercado, ela não consegue abrir um envelope, etc. 


Veja o exemplo de "Manchester à Beira-Mar" (2016): quando Patrick é informado sobre a morte de seu pai, ele não reage. Não chora, não parece afetado. Conforme a história avança, ele continua engarrafando suas emoções até que, finalmente, ao lutar para colocar um frango congelado de volta no freezer, ele desaba e tem um ataque de pânico. Como público, percebemos que ele não está tendo um ataque de pânico devido ao frango. Toda essa emoção é sobre seu pai. 


  • Assista:


Emoções atrasadas são muito reais. Você provavelmente já fez isso!


5. Emoções estranhas


Para fazer seu personagem parecer realista, outra dica é dar a eles reações estranhas aos eventos. Por exemplo, alguém que é indiferente quando uma guerra acontece, alguém que é otimista quando um tsunami acontece, alguém que é estoico quando um grande terremoto acontece. 

O Fantástico Sr. Raposo
O Fantástico Sr. Raposo. Imagem: reprodução

Esse tipo de reação não ortodoxa separará seu personagem de todos os outros personagens que reagiriam de maneiras muito previsíveis e esperadas. Eventos trágicos ajudam a expor quem seu personagem realmente é.


Claro que isso, idealmente, deve ser atrelado à personalidade e ao arco temático da personagem. Do contrário, você arrisca ter uma personagem arbitrária ou contraditória demais.


6. Técnica da "Moeda de Ouro" 


John conta a história de um autor que ficava frustrado porque seus leitores abandonavam seus livros no meio. Ele então criou a técnica da "moeda de ouro": colocar periodicamente "cena de ouro" ao longo de seu livro para manter o leitor preso. Ou seja, se recompensar o leitor periodicamente, ele continuará lendo o livro. 

Nope
Nope. Imagem: Wired

O que seria uma moeda de ouro em uma narrativa literária ou audiovisual? 


Podem ser "moedas" de enredo: uma surpresa ou twist, a introdução de um objeto importante, talvez um suspense, ou o payoff de um índice narrativo lá do início da história. 


E também existem "moedas de personagem": a introdução de uma nova personagem engraçada ou estranha, a descoberta de novas informações sobre uma das personagens, uma nova faceta da protagonista, etc. O objetivo é entregar esses "picos de dopamina" ou "adrenalina" periodicamente ao longo do roteiro. 


Isso pode ser melhor ajustado ao revisar o roteiro analisando o ritmo, a estrutura e o arco de personagem.


7. Afaste-se do resultado antecipado

Force Majeure
Force Majeure. Imagem: The New York Times

Outra ideia é descobrir o final da cena (ou ato, ou roteiro) que você está escrevendo e então afastar-se dele antes de chegar ao fim de fato. Ou seja: convença o público de que esse não será o desfecho. 


Se você está escrevendo um filme de basquete e o time está no jogo final, uma boa ideia é convencer o público de que não têm chance de ganhar esse jogo final. O melhor jogador se machuca, eles estão em último lugar, ou o treinador teve um bebê e não pôde estar presente.  Se sua personagem está participando de uma competição de canto, faça-nos sentir que não vai ganhar: há uma competidora melhor, ou a protagonista está com um resfriado, ou há um obstáculo psicológico, como o pai se envolver num acidente. 


Quanto mais intransponíveis forem essas dificuldades antes do final, mais satisfatório será para o espectador quando a personagem finalmente superá-las. Isso tem a ver com os stakes da sua história, que geralmente são plantados no início dela. Caso contrário, sua história pode correr o risco de ficar previsível.


8. Decodificação atrasada


O autor Ian Watt formulou a técnica de codificação atrasada ao ler "Coração das Trevas" de Joseph Conrad. Em "Coração das Trevas", temos Marlow, que está em um barco, no coração da África, e vê gravetos voando sobre a água e entrando na água. De repente, ele percebe que aqueles não são gravetos, são flechas. Isso significa que ele está sendo atacados pelos nativos.


Essa estratégia funciona muito bem na literatura, mas pode ser indicado em certos roteiros também – inclusive com diálogos.


Sua tarefa é fazer um evento acontecer com sua personagem que, a princípio, ela interpreta erroneamente. Vê uma pessoa na multidão que pensa ser seu amante há muito perdido, mas, ao olhar de novo, percebe que é apenas um estranho. Ou, então, pensa que seu filho chutou o assento atrás dele com muita força, então percebe que um carro colidiu contra o seu.

Apocalypse Now
Apocalypse Now. Imagem: reprodução

Por que uma técnica como essa é boa? Porque desvia a atenção do leitor ou espectador, além de uni-lo com o ponto de vista da personagem. Uma técnica como essa também é ótima porque pode expor os desejos ou a personalidade da personagem POV. Por exemplo, alguém que vê um amante há muito perdido, em vez de um estranho na multidão, expõe o que deseja. Ou, se vê uma criança segurando uma arma, mas, na verdade, é um brinquedo nada a ver com armas, você está expondo algum tipo de medo ou trauma.


Primeiro, comece com algum tipo de interpretação sensorial equivocada da personagem: toque, visão, olfato, paladar, audição ou uma combinação de todos esses. E, uma vez que você tenha insinuado isso, mostre a lenta ou brusca percepção da realidade à medida que as personagens percebem o que realmente está acontecendo.


Conclusão


As dicas de John servem tanto para construir uma estrutura ou sinopse quanto para revisar suas narrativas já escritas. Experimente uma ou algumas dessas e veja sua escrita ficar mais interessante!


  • Confira o vídeo original de John Fox (em inglês):




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