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Como identificar uma estrutura narrativa atemporal a partir da teoria de Vladimir Propp

Atualizado: 14 de nov. de 2021

A escritora e cineasta Madu Moreschi explica as 31 funções gerais contidas em 7 esferas de ações para analisar uma história atemporal para qualquer mídia, segundo os estudos do folclorista Vladimir Propp (1896-1970)


"Mommy" - Imagem: reprodução

Por Madu Moreschi


Para entendermos melhor o que significam essas funções e esferas de ação, bem como, como elas podem ajudar a aperfeiçoar a sua obra pelo viés tanto crítico, quanto literário e audiovisual; primeiro vamos entender de onde surgiu essa teoria narrativa. Quais argumentos e ferramentas foram elaboradas por Vladimir Propp para chegar aos finalmente que culminou no livro ensaio “Morfologia do Conto” publicado pela primeira vez em 1928. Esse tendo influenciado posteriormente outros teóricos da narrativa como, por exemplo, Claude Lévi-Strauss e Roland Barthes.


Vladimir Propp (1895-1970) era um homem advindo de uma classe de estudiosos, poetas, escritores e pensadores russos que desenvolveram um grupo formal de pensadores denominados “formalistas russos”. Estes se formaram com o intuito de divulgar na altura o pensamento teórico em relação ao desenvolvimento narrativo nacional, de forma mais profissional e acadêmica. Nesse sentido, Vladmir, um entusiasta do folclore russo e sua estrutura fixa, analisou por volta de cem contos clássicos para chegar a uma fórmula de contar histórias que vingasse, assim como, os contos clássicos que sobreviveram como lendas passadas de geração para geração a centenas de anos sem perder a sua essência fundamental.


Pode-se apresentar neste campo uma pergunta que diz respeito aos esquemas típicos... esquemas que, transmitidos de geração em geração como fórmulas fixas, são capazes de se animarem com um novo sentido, engendrando novas formulações? A literatura narrativa contemporânea, com sua complexidade de enredos e representação fotográfica da realidade, parece descartar a possibilidade desta pergunta; mas quando ela estiver diante dos olhos das gerações futuras, numa perspectiva tão longínqua quanto para nós a Antigüidade, da Pré-história à Idade Média, quando a síntese do tempo, esse grande simplificador, tenha passado sobre a complexidade dos fenômenos, reduzindo-os ao tamanho de um ponto que se perde na imensidão, suas linhas se fundirão com aquelas que nós descobrimos agora, ao olharmos para trás contemplando aquela longínqua criação poética - e os fenômenos do esquematismo e da repetição irão se impor em toda a sua grandeza. - Trecho da conclusão de Vladimir Propp em “Morfologia do Conto”

Durante a análise dos cem contos, Propp percebeu certos padrões de estrutura e personagens. De fato, nem todas as histórias possuíam todas as funções e esferas de ação as quais o folclorista desenhou como um caminho geral. No entanto, é entendido por narratologos e estudiosos modernos, que havendo metade das funções e esferas de ação, um conto que segue a teoria de Propp já pode ser considerado como parte de uma estrutura clássica, como os contos atemporais estudados.



Para categorizar e entender minuciosamente a estrutura dos contos clássicos estudados, o narratologo desenvolveu uma linguagem de códigos, ou símbolos, que juntos indicam as 31 funções ou fórmula ideal. Juntas elas são representadas por:


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