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- Assassino retratado em filme é identificado 30 anos depois
Conhecido como “assassino do zodíaco coreano”, suspeito inspirou filme de diretor premiado em Cannes. Embora identificado, o homem não poderá ser preso. Segundo a polícia da Província de Gyeonggi Nambu (Coréia do Sul), um suspeito foi identificado como o “assassino do zodíaco coreano”, referência ao famoso caso que aterrorizou os EUA entre 1960 e 1970. Lee Chun-jae teria assassinado e violentado 10 mulheres entre 1968 e 1991. A repercussão do caso foi tão grande que inspirou o diretor e roteirista Bong Joon-ho a retratar sua história no filme “Memórias de um Assassino” (2003). Vencedor do principal prêmio em Cannes este ano pelo filme "Parasita" (2019), Bon Joon-ho está na lista dos favoritos para levar o Oscar em 2020. A investigação 30 anos depois dos crimes que chocaram a Coréia do Sul, a polícia finalmente conseguiu ligar o suspeito a três dos dez assassinatos graças à análise de DNA a partir de uma peça de roupa de uma das vítimas. O caso, porém, não acaba por aí. O The Guardian, em matéria a respeito do caso, reportou que Lee Chun-jae não poderia ser preso por esses casos em razão de um impedimento legal. Segundo a lei, o tempo limite para julgamento expirou em 2006. Por outro lado, Chun-jae atualmente se encontra preso e aguarda julgamento por outro caso: o assassinato da sua cunhada, em 1994. Ao The Guardian, oficial da polícia de Gyeonggi Nambu afirma: “nós faremos o nosso melhor para descobrir a verdade guiados por um senso de responsabilidade histórica.” Sobre Bong Joon-ho O sul-coreano Bong Joon-ho vem trilhando um caminho de sucesso nos últimos anos. Okja (2017) teve ótima estreia no Festival de Cannes, agradando público e crítica com sua sensível história sobre a amizade entre a jovem Mija e um gigante animal ameaçado por uma multinacional. Com “Parasita”, Joon-ho levou o prêmio principal em Cannes, além de alcançar números record em retorno financeiro na França. Entre o humor e a tensão constante que a trama apresenta, “Parasita” reflete sobre disparidades sociais de forma inusitada. Em "Memórias de um Assassino", Joon-ho foca na jornada de dois investigadores tentando decifrar os pontos por trás dos assassinatos de múltiplas mulheres. Esse foi o segundo longa-metragem do autor, que fez sua estreia com "Cão Que Ladra Não Morde" (2000). Confira o trailer de "Memórias de um Assassino": #cinemacoreano #casosreais #MemóriasdeumAssassino #Parasita #Okja #FestivaldeCannes
- Ghostbusters 2020 terá Dan Aykroyd e elenco original
Terceiro filme da série traz diretor Jason Reitman e deixa versão feminina de 2016 de lado O novo filme da franquia Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984), denominado provisoriamente de Ghostbusters 2020, manterá grande parte da equipe e elenco original. De acordo com o THR, o ator Dan Aykroyd, em entrevista ao podcast Joe Rogan Experience, confirmou que retornará ao seu papel de Dr. Raymond Stantz, assim como seus colegas Ernie Hudson e Sigourney Weaver. "Eu não ando trabalhando muito no cinema. Temos o filme dos Ghostbusters no qual estamos trabalhando agora e que terei de participar”, disse Aykroyd durante a entrevista. "O filho de Ivan Reitman, Jason, escreveu um novo filme chamado [...] Ghostbusters, o terceiro filme. Será tudo, com a maioria do elenco original e também jovens estrelas ". Como Aykroyd afirma, Ghostbusters 2020 será dirigido por Jason Reitman (Juno, Obrigado por Fumar), filho do diretor de Ghostbusters (1984) e Ghostbusters II (1989) Ivan Reitman. O projeto será produzido pelo Reitman veterano, que também produziu Caça-Fantasmas, o reboot de elenco feminino de 2016. O terceiro filme da franquia irá seguir a história a partir de Ghostbusters II - ou seja, o reboot de 2016 não irá influenciar na história do novo filme. Filme reúne grande parte do elenco original e novos nomes Ghostbusters 2020 promete reviver com grande parte do elenco original. Além de Dan Aykroyd, podemos esperar a atriz Sigourney Weaver retornar às telas como Dana Barret e o ator Ernie Hudson como o caça-fantasma Winston Zeddemore. Existem rumores de que Bill Murray voltará ao papel icônico de Dr. Peter Venkman, mas nada foi confirmado. É a mesma situação do ator Rick Moranis. Harold Ramis, que interpretava Dr. Egon Spengler, integrante final da equipe, faleceu em 2014. O filme ainda conta com novos nomes: Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard e McKenna Grace são alguns dos atores que estarão em Ghostbusters 2020. O filme contará a história da perspectiva de uma mãe solteira (Carrie Coon) e seus filhos, interpretados por Wolfhard e Grace. E a versão feminina de 2016? A franquia recebeu um reboot (uma nova versão) em 2016, com Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones no papel das caça-fantasmas. Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 2016) foi produzido pelos veteranos Aykroyd e Reitman, com direção de Paul Feig. Feig tem títulos como Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011) e As Bem-Armadas (The Heat, 2013) em seu currículo. Porém, o universo recriado no filme não irá fazer parte do novo Ghostbuster 2020. A respeito disso, Aykroyd comentou, também no podcast de Rogan, sobre o filme de Feig ter tido problemas, apesar de ter sido bom. "As garotas foram excelentes", disse Aykroyd, referindo-se ao elenco feminino. "Mas, eu deveria estar sentado lá como produtor cuidando dos custos um pouco mais." Aykroyd possivelmente estava se referindo ao fracasso de bilheteria de Caça-Fantasmas, que lucrou apenas US$229 milhões em relação ao orçamento de aproximadamente US$144 milhões. A versão feminina de Caça-Fantasmas realmente teve seus problemas narrativos e fora do filme. Além de ter tido um desempenho bem inferior na bilheteria, o filme foi inicialmente recebido com grande misoginia e racismo. No início do ano, o diretor Jason Reitman se pronunciou no Bill Burr’s Monday Morning Podcast sobre "retornar a franquia aos fãs", negando qualquer envolvimento com a versão de 2016. Essa posição, explícita desde o início do projeto de Ghostbusters 2020, também gerou reações negativas: a autora Hannah Woodhead expressou seu descontentamento num artigo online. Ela afirma que a equipe feminina "impulsionou a franquia de uma maneira importante que pode ser perdida na nova versão". O reboot feminino pode ter trazido discussões importantes à tona, como heroísmo feminino e perspectivas de representatividade. Contudo, o filme de 2016 não faz tanto assim nem pelo feminismo narrativo. Mesmo tendo apostado em personagens femininas, caiu num nível inferior em relação à construção de personagens, trama e impulso narrativo de fato. Além do mais, o que precisamos nas telas dos cinemas são personagens originalmente femininas. O filme de Feig pode ter tido boas intenções, mas foi apenas mais uma versão feminina de algo que foi roteirizado e recebido pelo público com outra perspectiva. Por esses e outros motivos, foi uma oportunidade perdida para o feminismo no cinema. Sobre isso, a crítica Caryn James afirma que "O truque é reconhecer o que é específico sobre personagens femininas sem cair em estereótipos". Portanto, no que diz respeito a Ghostbusters 2020, devemos ver pelo menos um protagonismo forte e original de Carrie Coon e a participação ativa de Sigourney Weaver novamente. Ghostbusters 2020 tem data de lançamento prevista para 10 de julho de 2020. Ambos o primeiro filme da franquia original e o de 2016 estão disponíveis no Netflix. Confira o teaser abaixo: #Ghostbusters2020 #DanAykroyd #JasonReitman #CaçaFantasmas
- O conto de fadas dos concursos de roteiro
Centenas de concursos e festivais prometem prêmios e prestígio para roteiristas. Enquanto alguns valem a pena, a maioria é uma verdadeira cilada. Como não cair nesse conto? Um roteirista cheio de ideias e com pouca ou quase nenhuma perspectiva de mercado procura por concursos de roteiro na internet. Aí está uma cena muito comum no dia a dia de muita gente. Ser roteirista não é uma missão fácil na vida, principalmente quando você vem de países como o Brasil, que passa por um momento sombrio no campo do investimento em cinema. Naturalmente, as pessoas acabam buscando um caminho para seguir. Surge uma esperança: milhares e milhares de concursos que prometem prêmios, contato com a indústria e visibilidade para os roteiristas do mundo inteiro. Em países como o Brasil não é raro ver jovens roteiristas apostando principalmente em festivais internacionais do gênero. É só ver um “LA screenwriting contest” no nome que o pessoal cai em cima como se fosse uma indicação ao Oscar. Com tantas opções surgindo dia após dia, o que parecia ser um caminho muitas vezes pode nos deixar ainda mais perdidos. A pergunta é: concursos de roteiro e/ou pitching ajudam a carreira do roteirista iniciante? A resposta não é fácil, mas podemos começar entendendo que “provavelmente não”. Dentro desse “provavelmente” existe também um perímetro de possibilidades reais. Neste artigo, vamos entender as diferentes ciladas que os concursos de roteiro e pitching podem representar para a carreira de um roteirista. O roteirista iniciante é uma presa fácil Em artigo para o Hollywood Reporter, Stephen Galloway traz um relato digno de nota. Galloway conta a história de Manny Fonseca, um relativamente jovem aspirante a roteirista que foi de Michigan a Los Angeles para realizar o sonho de se tornar uma grande figura de Hollywood. Em uma determinada festa, Fonseca recebeu um convite inusitado de um produtor de cinema: “você gostaria de ganhar U$ 100?” Após aceitar a oferta, Fonseca descobriu o que ele precisaria fazer para receber o dinheiro. Era preciso apenas comparecer em um Pitch Fest (basicamente um concurso de pitching, onde roteiristas apresentam sua ideia para jurados da indústria) e se fazer passar por um executivo de Hollywood disposto a analisar projetos para aquisição. Vale ressaltar que Manny Fonseca estava longe de ser um executivo de Hollywood e nem ao menos tinha qualquer produto audiovisual com o seu nome. “Existem alguns roteiristas que eu conheço por nome porque eles literalmente vão em todos os pitch fest”, comenta Fonseca. Não apenas festivais de pitching, como a maioria dos concursos de roteiro sobrevivem do anseio, esperança e angústia de aspirantes a roteiristas dispostos a gastar um bom dinheiro em troca de visibilidade e promessas vazias. Engana-se quem acredita que só se faz dinheiro no mercado audiovisual em grandes e médias produtoras, viabilizando e distribuindo seus produtos audiovisuais para grandes players. Tem muito dinheiro rolando em festivais, concursos, script doctoring, etc. Afinal de contas, como tudo isso começou? Como chegamos no ponto em que nos encontramos hoje? Um breve histórico dos concursos de roteiro Para quem vive fora do circuito de grandes pitch festivals, o caminho mais fácil é submeter projetos pela internet para concursos de roteiro. Embora existam alguns bons exemplos aqui no Brasil, muitos roteiristas confiam no prestígio dos eventos internacionais. Para traçar um histórico, primeiro precisamos voltar bastante no tempo - 600 A.C. e até antes. Na Grécia Antiga já existia um festival que atendia exclusivamente ao propósito de celebrar os autores dramaturgos da época. Esse certamente pode ter sido o ponto de partida. A partir daí, nos EUA dos anos 1910 já existiam cerca de 10 mil cinemas no país. Em apenas três anos, estima-se que mais de 20 mil roteiros circularam entre produtores, vindos de roteiristas com grandes sonhos. A indústria cinematográfica norte-americana viu a oportunidade e logo passou a oferecer concursos para descobrir novos talentos (com prêmios em dinheiro). Afinal, com 10 mil cinemas e projetos para muitos outros, crescia a demanda por novas histórias. Talvez esse seja o primeiro ponto na história dos concursos de roteiro como conhecemos hoje. Entre 1915 e 1920, as mulheres representavam o principal público-alvo dos concursos. Algumas revistas da época incentivavam o público feminino a tentar carreira na indústria como roteiristas. A carreira como roteirista representava uma alternativa muito melhor em comparação ao campo da atuação, onde mulheres constantemente traziam relatos de exploração e outras condutas extremamente nocivas. Nesse ponto, precisamos saltar para 1955 (depois da II Guerra Mundial e do período de recessão norte-americana), quando o lendário Samuel Goldwyn Sr. criou o Samuel Goldwyn Writing Awards na Universidade UCLA. O objetivo era encorajar jovens talentos da escrita para teatro, cinema e televisão. Essa, porém, não era uma competição aberta. Era preciso ser estudante da Universidade de Los Angeles para participar. Embora existisse essa restrição, o concurso trouxe um novo gás para muitos roteiristas aspirantes dos EUA. Um novo ponto de virada surgiria apenas em 1979, com a criação do AFI Alumni Association Writers Workshop, desenvolvido por Willard Rodgers. Aqui vemos uma nova categoria de prêmio. No lugar de dinheiro, Willard Rodgers oferecia acesso exclusivo a executivos de Hollywood, mentorias e sessões de leitura com grupo de atores. Alguns filmes premiados no evento foram de fato desenvolvidos e prestigiados posteriormente, como é o caso de "Juventude Assassina" (River’s Edge, 1986). Até hoje o AFI Alumni Association Writers Workshop é celebrado como um importante marco da indústria cinematográfica. O grande boom dos concursos de roteiro veio apenas na década de 1990. Dois anos antes, a WGA (Writers Guild of America, sindicato norte-americano dos autores roteiristas) havia decretado greve, o que abriu espaço para uma nova demanda de roteiros e ideias de outras fontes. Autores consolidados e roteiristas iniciantes disputavam os mesmos meios, fechando contratos milionários com as majors. Pessoas do mundo inteiro tentavam a sorte na terra do cinema, vivendo a utopia de uma verdadeira democratização das oportunidades no mercado. Todo esse movimento foi responsável por abrir uma realidade secundária na indústria do roteiro audiovisual: os concursos e festivais dedicados ao ofício. Não apenas isso: também cresceu o número de livros ensinando roteiro, script doctors, gurus e todos os demais anexos. A má reputação dos concursos de roteiro começou a partir dos anos 1990, quando ficou cada vez mais difícil diferenciar os bem intencionados daqueles que simplesmente não valiam o esforço do envio. A segunda grande greve de roteiristas em Hollywood junto com o colapso da economia norte-americana (o período entre 2007 e 2008) alterou significantemente a conduta de mercado dos executivos de grandes majors. Foi-se o tempo das ideias originais que valiam milhões de dólares. Assumir esse tipo de risco havia ganhado novas proporções. A aquisição de propriedade intelectual a partir de produtos consolidados se tornou o grande lance. Escrevemos sobre isso por aqui também. Os roteiros originais, porém, não cessaram. A demanda de novos caminhos para esses produtos agora não tão valiosos só crescia (e ainda cresce). Agentes, managers, executivos de Hollywood e também oportunistas viam cada vez mais nos concursos de roteiro um meio alternativo de ganhar dinheiro. Todos os concursos e festivais são ruins? É preciso salientar que existem bons exemplos sim. Apenas são poucos, extremamente poucos. Quando digo isso, não afirmo que a maioria dos concursos vai roubar o seu dinheiro, enganá-lo ou destruir suas chances na indústria do cinema. Em alguns casos até pode ser. Na maioria deles, o que simplesmente acontece é um grande show orquestrado para atender à vaidade do artista. No fim é isso: vaidade. Oportunidades de trabalho e conexões importantes? Esses dois pontos passam longe. No entanto, vamos também falar dos concursos que fazem valer a sua inscrição. Talvez o concurso de roteiro com maior prestígio seja o Nicholl Fellowships, financiado pela própria Academia. Você concorre com outros poucos roteiristas o prêmio de U$ 35 mil e um empurrãozinho de fato eficiente para a sua carreira. Uma das grandes premiadas pelo concurso foi Susannah Grant, conhecida principalmente por "Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento" (Erin Brockovich, 2000). O Austin Screenwriting Competition é outro bom exemplo, aproximando o roteirista de profissionais de renome da indústria cinematográfica. No próprio Austin Film Festival ocorre o Pitch Competition, inclusive. Entre jurados e competidores, o arranjo de profissionais também costuma ser muito bom, valendo no mínimo pela experiência de testemunhar pitchings muito bem estruturados. Aqui no Brasil, algumas iniciativas unem a competição de roteiros com boas causas. O Prêmio Cabíria é responsável por alavancar a carreira de roteiristas mulheres que trabalham o protagonismo feminino em suas obras. Entre os exemplos brasileiros eu não posso deixar de citar o FRAPA (Festival de Roteiro de Porto Alegre), que anualmente oferece competição de longa-metragem e roteiro para série com direito a pitchings para representantes do mercado (e drunk pitching no “segundo turno”). Como não cair em uma cilada? Em um artigo publicado no medium (e previamente no LA Screenwriter), a roteirista Angela Bourassa compartilha um relato pessoal. Nele, Bourassa conta que submeteu seu roteiro para uma competição que encontrou online, que oferecia, entre outros prêmios, uma quantia em dinheiro para o primeiro colocado. “Eu terminei recebendo o segundo lugar na categoria Ficção Científica, o que fez eu me sentir bem”, comenta a roteirista. Embora não tenha recebido o prêmio, Angela encontrou um e-mail na sua caixa de recebidos alguns dias depois. No e-mail um dos organizadores oferecia uma placa de celebração do seu segundo lugar pelo “pequeno custo de U$75”. É claro, Bourassa não foi a única a receber esse e-mail, deixando claro o modelo lucrativo imposto pelo concurso. Segundo a roteirista, os organizadores estavam “se aproveitando da sua esperança”. É errado? Não necessariamente. O problema é que não cai muito bem. Os responsáveis por concursos e festivais do tipo conhecem “os botões certos” para atiçar a vaidade do roteirista iniciante. Estima-se que o número de novos concursos de roteiro circulando na internet chega a margem de 300-500 ao ano. A maioria deles está no comando de companhias responsáveis por oferecer apenas esse tipo de serviço, ou venda de livros, manuais, consultorias, etc. A questão é: são poucos os concursos feitos por titãs da indústria com a intenção de encontrar novos talentos. Se você encontrou um concurso de roteiro na internet, 80% de chance dele ser organizado por gente que mal consegue emplacar os próprios projetos. . É importante ficar atento aos sinais, por isso cabem algumas dicas. Pesquise o histórico do concurso e as pessoas envolvidas Isso vale também para alguns laboratórios de roteiro (vamos tratar disso em outro artigo). Você precisa pesquisar as pessoas envolvidas, ver quem realmente está lendo o seu roteiro, que acesso a pessoa tem no meio, quais os pontos fortes do seu currículo como realizador. O próprio concurso/festival precisa ter algumas credenciais. Que nomes da indústria fazem parte do mesmo? É realmente uma vitrine para grandes produtoras? O mercado leva a sério? É muito importante pesquisar também projetos premiados em anos anteriores que tenham seguido carreira. Um concurso de roteiros que distribuiu prêmios para poucos ou mesmo nenhum projeto que de fato foi realizado é um sinal vermelho. O que você tem a ganhar com isso O concurso pode até ter sua credibilidade, mas ele vai atender de fato às suas expectativas? Procure se informar sobre a premiação. Dinheiro é sempre bom, mas não é o único atrativo possível. Dependendo dos seus objetivos ou mesmo o ponto em que se encontra na carreira, alguns prêmios podem ser mais ou menos importantes para você. Não é todo mundo que se beneficiaria de uma bolsa de estudos. Embora seja muito interessante, talvez você esteja em outro momento da carreira, priorizando viabilizar produções, por exemplo. Estude os projetos selecionados Não é uma regra (longe disso), mas assim como festivais de cinema, concursos de roteiro tendem a ter um perfil. Os projetos selecionados fazem parte da vitrine que compõe a própria “persona” e identidade do evento. Questões extra-fílmicas também podem influenciar a decisão final, muitas delas importantes para processos de democratização e acesso a cultura. Inclusão social, questões políticas e até temáticas podem influenciar alguns jurados. O exemplo óbvio ajuda a entender: você não enviaria um filme de comédia para um festival de horror, não é mesmo? Considere todas as nuances que podem envolver o processo de seleção. É válido lembrar que embora importantes, esses e demais pontos não podem contar mais do que a qualidade final da escrita e o valor artístico da obra. Não exagere nas credenciais Em episódio mais antigo do seu podcast Scriptnotes, John August e Craig Mazin ainda lançam uma dica de ouro para os roteiristas iniciantes: cuidado com a “coleção de premiações” em concursos e festivais de roteiro. Os roteiristas de Hollywood alertam para o demérito de uma super-exposição. Para eles, quando um roteiro carrega tantas credenciais, a mensagem passada não é muito benéfica. Parece que o projeto circulou por todos os cantos, mas por algum motivo não consegue ser financiado/produzido. Outro ponto: uma coleção de prêmios em concursos pequenos e/ou duvidosos também é um tiro no pé. Às vezes vale muito mais apenas exibir aquelas duas passagens por concursos relevantes, mostrando que existe um aval da indústria. É difícil, eu sei. A carreira do roteirista é confusa, incerta e extremamente competitiva. Ganhar um concurso e poder exibir sua "láurea" para os seus amigos do Facebook é muito legal, mas cuidado para não cair no conto de fadas. Alcançar relevância na indústria cinematográfica exige muito estudo, preparo e as conexões certas. De fato, não existe atalho. Desconfie de todo mundo que prometer um caminho certeiro para o sucesso imediato. #roteiro #concursosderoteiro #pitchfest #roteiristas
- Últimas e próximas adaptações dos livros de Stephen King
Confira filmes e séries baseadas nos livros de King que mais fizeram sucesso - e que ainda farão Stephen King, autor norte-americano que faz 72 anos hoje (21/9), possui uma obra de mais de 400 publicações assinadas. O cinema, TV e serviços de streaming bebem infinitamente da fonte de histórias do autor, trazendo os diversas contos, personagens e universos do autor para as telas do mundo todo. Suas adaptações mais famosas, como O Iluminado (The Shining), Carrie, A Estranha (Carrie), Cujo e Louca Obsessão (Misery) já moram no coração de muitas pessoas, mas o autor de sucesso não para por aí: a obra de Stephen King continua firme e forte. O maior exemplo disso foi seu último lançamento, O Instituto, livro que fechou contrato para virar série em menos de 24h. Para comemorar a longa e criativa vida do rei do terror, trouxemos uma lista das últimas, atuais e próximas adaptações dos livros de Stephen King. Os filmes e séries contam com assombrações, cenários pós-apocalípticos e thrillers misteriosos. Confira a seguir: 2017 O ano de 2017 trouxe muitas adaptações do autor para o cinema, TV e streaming. O destaque vai para o remake de It: A Coisa, que deu uma repaginada horripilante no palhaço Pennywise. O filme A Torre Negra e a série O Nevoeiro não serão abordados aqui pois renderam fracassos de bilheteria e audiência. Confira as outras obras de Stephen King adaptadas em 2017: It: A Coisa (Filme) O remake da adaptação de 1990 foi dirigido por Andy Muschietti (que também trabalhou em It: Capítulo Dois) e trouxe a primeira parte de um dos maiores e mais famosos livros de Stephen King. No filme, um grupo de sete crianças (o "Clube dos Otários") precisa lidar com um horripilante palhaço chamado Pennywise (Bill Skarsgård), que os persegue e aterroriza. O filme fez uma bilheteria incrivelmente lucrativa, arrecadando mais de US$ 700 milhões no mundo todo. É um dos títulos em nossa lista de 11 melhores filmes de terror dos últimos tempos. Jogo Perigoso (Filme - Netflix) A plataforma Netflix entrou pesado no jogo das adaptações de King. Lançado em 2017, Jogo Perigoso (Gerald's Game) tem direção de Mike Flanagan (Hush) e conta a história de Jessie (Carla Gugino), cujo marido sofre um ataque do coração enquanto os dois estão num jogo de sedução, deixando-a acorrentada na cama. Jogo Perigoso é uma das adaptações de Stephen King mais recentes e de sucesso feitas pelo Netflix. 1922 (Filme - Netflix) Outro título do Netflix, 1922 foi lançado sob o comentário de King sobre essa ser sua melhor adaptação do ano de 2017. Dirigido por Zak Hilditch, o longa acompanha a história de Wilfred James (Thomas Jane), que confessa o assassinato de sua mulher, cometido ao lado do filho adolescente. Enquanto vemos seu relato, entendemos como aconteceu e as terríveis consequências disso na vida de Wilfred. É uma boa aposta de suspense, mantendo-se longe dos extremos de terror famosos por permearem a obra de King. Mr. Mercedes (Série - AT&T) A querida trilogia "Mr. Mercedes", de Stephen King, ganhou uma ótima adaptação para a TV em 2017 criada por David E. Kelley (criador de Big Little Lies e também da futura O Instituto). Na série, Harry Treadaway (Penny Dreadful) é o serial killer Brady Hartsfield, um motorista de caminhão de sorvete e técnico de informática que usa uma Mercedes para atropelar pessoas na fila do desemprego. Isso marca o começo da perseguição entre o policial aposentado Bill Hodges (Brendan Gleeson) e Brady. A adaptação dos livros para a série rendeu bastante sucesso. A terceira temporada de Mr. Mercedes voltou dia 10 de setembro de 2019 nos Estados Unidos, com 10 episódios. Ainda não sabemos quando chega ao Brasil. Assista ao teaser da terceira temporada: 2018 O ano de 2018 foi o ano das séries baseadas na obra de Stephen King. Foram lançadas a série Castle Rock (Hulu) e a segunda temporada de Mr. Mercedes. Castle Rock (Série - Hulu) O serviço de streaming Hulu também trouxe o universo de Stephen King à vida, mas de um modo reinventado: Castle Rock conta uma história original, mas repleta de elementos do universo das obras do autor. Produzida por J.J. Abrams, a série se passa na pequena cidade fictícia de Castle Rock e mistura referências a outros livros de Stephen King com elementos de mistério e suspense. O elenco da série conta com Bill Skarsgård (It, A Coisa), Sissy Spacek (Carrie, A Estranha) e André Holland (Moonlight). 2019 No ano de 2019, temos vários livros de Stephen King sendo adaptados para o cinema e streaming. Os destaques vão para Campo do Medo, lançamento do mês de outubro no Netflix, e a continuação de sucesso It: Capítulo 2. Cemitério Maldito (Filme - Netflix) Outro livro muito adaptado para o cinema, Cemitério Maldito (Pet Sematary) teve seu segundo remake lançado esse ano, com direção de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer. A história se passa no Maine e é sobre um cemitério que tem o poder de “reviver” animais e pessoas. No filme, Dr. Louis Creed (Jason Clarke) sua esposa Rachel (Amy Seimetz) descobrem o maligno cemitério perto de sua nova casa. A recepção de Cemitério Maldito foi mista, mas a bilheteria alcançou um bom resultado de US$ 112,4 milhões. It: Capítulo 2 (Filme) A bizarra nova adaptação de King se passa 27 anos depois do primeiro filme, contando com os personagens já adultos. Em It: Capítulo 2 (It Chapter Two), Mike (Isaiah Mustafa) convoca seus antigos amigos do Clube dos Otários - Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Richie (Bill Hader), Ben (Jay Ryan) e Eddie (James Ransone) - para derrotar de uma vez por todas o palhaço Pennywise (Bill Skarsgård) O filme lançou dia 5 de setembro no Brasil e promete uma longa sessão 2 horas e 49 minutos de horror. Campo do Medo (Filme - Netflix) Outro conto de Stephen King e seu filho Joe Hill será adaptado para a plataforma nesse ano. Campo do Medo (In the Tall Grass) é dirigido por Vincenzo Natali e tem Patrick Wilson (Invocação do Mal) no elenco. O filme conta a história de dois irmãos que se perdem num matagal infinito quando ouvem uma criança pedindo por ajuda dentro dele. Campo do Medo lançará em 4 outubro na Netflix. Confira o novo trailer: Doutor Sono (Filme) A sequência de "O Iluminado", um dos livros mais famosos do autor que conta com a clássica adaptação assinada por Stanley Kubrick, terá versão para o cinema (Doctor Sleep) com direção de Mike Flanagan. O ator Ewan McGregor (Star Wars, Trainspotting) será Danny Torrance, agora adulto e livre das drogas. Ele volta a ter poderes e precisa ajudar uma garota também "iluminada" a se livrar de um perigoso grupo que a persegue. Doutor Sono será lançado dia 7 de novembro no Brasil. Assista ao trailer: Próximas adaptações de Stephen King O rei do terror não parou de fazer as manchetes com suas adaptações para o cinema e TV. Além do contrato de série já firmado para o livro "O Instituto", veja as próximas grandes adaptações da obra de Stephen King: A Torre Negra (Série - Amazon Prime) A famosa série literária A Torre Negra (The Dark Tower) terá uma adaptação audiovisual pela Amazon Studios. O piloto da série de Glen Mazzara já está em desenvolvimento e foi dirigido por Stephen Hopkins. O elenco conta com Sam Strike (Mindhunter), Jerome Flynn (Game of Thrones) e Jasper Pääkkönen (Vikings). A história da série mostrará como Roland (Strike) se tornou um pistoleiro, contando seu primeiro encontro com Marten Broadcloak, conhecido como o vilão Homem de Preto (Pääkkönen). Originalmente, a série deveria ter estreado junto ao filme de 2017, com Idris Elba e Matthew McConaughey. O lançamento foi adiado para 2020 a fim de adaptar mais fielmente a turbulenta série de 8 livros de Stephen King. A Dança da Morte (Minissérie - CBS All Access) A CBS All Access irá apostar na adaptação livro A Dança da Morte (The Stand), um bestseller pós-apocalíptico que conta com poucos sobreviventes, um vilão letal e muitos pesadelos. O elenco da missérie irá ter Alexander Skarsgård como o vilão Randall Flagg, além de James Marsden, Amber Heard, Odessa Young e Whoopi Goldberg. Ainda não sabemos a data de lançamento de A Dança da Morte. Love: A História de Lisey (Minissérie - Apple TV+) Numa avalanche de séries anunciadas pela Apple está Love: A História de Lisey (Lisey's Story), adaptação do livro de King com 8 episódios. Nessa empreitada produzida pela Warner Bros. e Bad Robot, de J.J. Abrams, quem fará o papel de roteirista será o próprio Stephen King. Com Julianne Moore no papel de Lisey, o thriller conta a história dos dois últimos anos da vida do marido de Lisey, que volta a refletir questões sobre ele que ela tinha reprimido. Love ainda não tem diretores nem data de estréia. #StephenKing #Adaptações #ItAcoisa #JJAbrams #MrMercedes
- Brasil é favorito entre os indicados ao Emmy Internacional
Conteúdos brasileiros concorrem em 8 das 11 categorias da premiação: destaque para melhor drama, melhor comédia e melhor atriz. Na contramão dos boicotes aos meios de financiamento, as produções brasileiras estão ganhando cada vez mais prestígio internacional. Recentemente, "A Vida Invisível" e "Bacurau" foram premiados no Festival de Cannes em exibições históricas. Com a anúncio da lista oficial de indicados ao Emmy Internacional, também notamos a presença forte dos conteúdos brasileiros na premiação para a TV. Entre os 21 países, o Brasil e o Reino Unido lideram as indicações em suas 11 categorias. Dessas 11 categorias o Brasil concorre em 8, mostrando que os conteúdos nacionais vem adquirindo uma qualidade cada vez maior. Muito disso se dá pelas plataformas de incentivo e financiamento que aqueceram a indústria nos últimos anos. Os destaques brasileiros Para o Brasil, os destaques ficam para "1 Contra Todos" (Fox/Conspiração Filmes), que concorre a Melhor Série Drama e a atriz Marjorie Estiano, na disputa pelo prêmio de melhor atriz por conta do seu trabalho na minissérie "Sob Pressão" (Globo/O2 Filmes). No campo da comédia, o Brasil também vem com "Especial de Natal: Se Beber, Não Ceie" (Netflix/Porta dos Fundos), que reúne figurinhas carimbadas do canal do Youtube Porta dos Fundos e grande elenco em uma história paralela à emblemática última ceia de Cristo. Diversidade e qualidade Ao portal Variety, Bruce L. Paisner, Presidente e CEO da International Academy of Television Arts & Sciences comenta: “a diversidade, disseminação geográfica e qualidade dos indicados deste ano é um testamento da crescente riqueza excepcional dos conteúdos televisivos criados em uma escala global”. A Academia Internacional também apresentará prêmios especiais para a jornalista Christiane Amanpour (CNN e PBS) e os showrunners David Benioff e D.B.Weiss, responsáveis por criar a aclamada Game of Thrones (HBO). Os vencedores nós só vamos conhecer no dia 25 de Novembro, anunciados na premiação que ocorre em Nova York. Abaixo, confira a lista completa em inglês dos indicados ao Emmy Internacional 2019: Drama Series One Against All Fox Networks Group LATAM-Brazil / Conspiração filmes Brazil Bad Banks Letterbox Filmproduktion GmbH / Iris Productions S.A. / ZDF Germany McMafia Cuba Pictures United Kingdom Sacred Games Phantom Films / Netflix India Comedy The Last Hangover Porta dos Fundos / Netflix Brazil FAM! Oak 3 Films Pte Ltd Singapore Checkout! July August Productions Israel Workin' Moms - Season 2 Wolf + Rabbit Entertainment / The Canadian Broadcasting Corporation (CBC) TV Movie/Mini-Series If I Close My Eyes Now Globo Brazil Lust Stories Skywalk Films / Flying Unicorn Entertainment / RSVP / Netflix India Safe Harbour Matchbox Pictures Australia Trezor Szupermodern Studio Hungary Best Performance by an Actor Haluk Bilginer in Persona Ay Yapim Turkey Christopher Eccleston in Come Home Red Production Company / BBC United Kingdom Raphael Logam in Impure Fox Networks Group Latam-Brazil / Barry Company Brazil Jannis Niewöhner in Beat Amazon Studios / Hellinger / Doll Filmproduktion / Warner Bros. Film Productions Germany / Pantaleon Films Germany Best Performance by an Actress Radhika Apte in Lust Stories Skywalk Films / Flying Unicorn Entertainment / RSVP / Netflix India Jenna Coleman in The Cry Synchronicity Films / BBC One / ABC / Creative Scotland / December Media PTY Ltd / Film Victoria / Sunbird Media Ltd United Kingdom Marjorie Estiano in Under Pressure - Season 2 Globo / O2 Filmes Brazil Marina Gera in Orok Tel Szupermodern Studio / Gulag Memorial Committee Hungary Documentary The First Stone – The Rise of Lynching in Brazil Canal Futura / Couro de Rato Brazil Bellingcat – Truth in a Post-Truth World Submarine / VPRO Television Netherlands Louis Theroux’s Altered States BBC Studios United Kingdom Witness: India’s Forbidden Love Al Jazeera English / Grain Media Qatar Arts Programming Dance or Die A Witfilm / NTR Netherlands John and Yoko: Above Us Only Sky Eagle Rock Films United Kingdom Michel Legrand, Let the Music Play Cinétévé / Arte France Ópera Aberta - Os Pescadores de Pérolas HBO Latin America / O2 Filmes Brazil Non-English Language U.S. Primetime Program Al Otro Lado del Muro Telemundo Global Studios United States of America El Recluso Telemundo International Studios United States of America Falco Spiral International / Red Arrow International / Dynamo United States of America Magnífica 70 – season three HBO Latin America / Conspiração Filmes United States of America Non-Scripted Entertainment The Voice - season two Telefe Argentina Taboo Panenka Belgium The Remix – India Greymatter Entertainment Pvt. Ltd. India The Real Full Monty: Ladies Night Spun Gold TV United Kingdom Short-Form Series dxyz 72Seconds South Korea Hack The City Fox Lab Brazil / Yourmama Brazil Wingman – season two Yle Finland Wrong Kind of Black Princess Pictures Australia Telenovela 100 Days to Fall in Love Telefe / Underground Argentina The Queen of Flow Sony Pictures Television / Teleset / Netflix / Caracol TV Colombia The River Tshedza Pictures South Africa Tangled Lives SP Televisão / SIC Portugal #EmmyInternacional #TV #premiação
- Reboots da NBCU: The Office, Punky e Battlestar Galactica
Entre reboots de sucesso anunciados em novo serviço de streaming poderá constar The Office Com lançamento previsto para abril de 2020, o catálogo do Peacock, serviço de streaming da NBCUniversal, irá contar com alguns reboots que chamaram a atenção do público. Entre os títulos, vemos as séries Battlestar Galactica (2004), Punky, a Levada da Breca (Punky Brewster, 1984) e Uma Galera do Barulho (Saved By the Bell, 1989). Possivelmente, também teremos um reboot de The Office (no Brasil, Vida de Escritório, 2005). Os reboots são novas versões do universo dramático de determinado filme, série ou outra obra de ficção. Se difere do remake, pois propõe novos rumos narrativos e, muitas vezes, outra equipe e elenco. De acordo com o portal Deadline, os títulos foram anunciados com diversos outros projetos originais do Peacock. Os reboots, portanto, deverão chegar na plataforma a partir de 2020, ano de lançamento da plataforma. Os reboots anunciados pela NBCU são intrigantes. Participam dos projetos nomes como Sam Esmail (produtor executivo do reboot de Battlestar Gallactica e da série Mr. Robot) e parte do elenco original de Uma Galera do Barulho, como Mario Lopez e Elizabeth Berkley. Confira mais novidades sobre os lançamentos e projetos do Peacock: Reboot de The Office está no "topo da lista" da NBCUniversal A famosa série de comédia norte-americana The Office consta no "topo da lista" de prioridades da executiva Bonnie Hammer, presidente da NBCUniversal. Em entrevista ao portal Deadline, a executiva afirma que o reboot é a grande "esperança e objetivo" mas que o projeto ainda está em discussão. As tentativas de retornar ao tão adorado universo de The Office existem desde muito tempo, quase imediatamente após a série ter acabado em 2013. Além disso, a NBCU desembolsou mais de U$ 500 milhões para adquirir os direitos de streaming de The Office. Isso quer dizer que o seriado americano estrelado por Steve Carrell, Jenna Fischer, John Krasinski e Rainn Wilson sairá do catálogo Netflix em breve. Na entrevista de Hammer ao Deadline ainda consta que a série entrará no Peacock em 2021. Isso abre possibilidades ótimas de um reboot de The Office, pois a NBCU está investindo em disponibilizar as séries originais em conjunto aos seus respectivos reboots (possíveis e confirmados). Punky, a Levada da Breca ganha reboot atualizado Outro sitcom clássico que retornará será Punky, a Levada da Breca, um sucesso de 1984. O projeto de reboot será uma sequência da série original pautada pela vida adulta da personagem principal, Punky Brewster. Ainda protagonizado pela atriz Soleil Moon Frye (hoje com 43 anos), a série vai acompanhar Punky como uma mãe solteira de três filhos. Ela conhece uma jovem garota que a lembra de si quando pequena. Punky teve quatro temporadas e foi indicada a 3 Primetime Emmys. Reboot de Battlestar Galactica terá Sam Esmail, de Mr. Robot Outro reboot anunciado pela NBCU foi o de Battlestar Galactica, encabeçado pelo showrunner e produtor executivo Sam Esmail. Alguns títulos que constam no currículo de Esmail são Mr. Robot (Sociedade Hacker, 2015) e Homecoming (2018), do Amazon Prime. Battlestar Galactica, série de Glen A. Larson (1978), ganhou um reboot do canal Sci Fi em 2004 assinado por Ronald D. Moore. Ainda assim, irá pertencer ao catálogo "original" do Peacock. Ainda não temos uma data de lançamento prevista. Mais sobre o Peacock, novo serviço de streaming da NBCU A plataforma da NBCU surgiu como uma tentativa de entrar no jogo do streaming. Além disso, o conglomerado americano está jogando o "jogo dos originais", tentando produzir conteúdo exclusivo da plataforma como modo de atrair o público e gerar lucros. Essa empreitada milionária irá contar com uma biblioteca de 15 mil horas de conteúdo. Alguns dos outros títulos originais Peacock incluem comédias como Rutherford Falls, com o ator Ed Helms, e a docuseries Who Wrote That, sobre os bastidores do programa Saturday Night Live. Outros títulos anunciados são: Angelyne, produzida e atuada por Emmy Rossum, com seu marido Sam Esmail como produtor executivo; a dramédia Armas De Mujer, do mesmo time de La Reina del Sur (2011) e o piloto da série dramática Straight Talk, dirigido por Rashida Jones. Além das séries originais, o Peacock contará com a produção de telefilmes e títulos como Bates Motel, Parks and Recreation, Brooklyn Nine-Nine e Psych em seu catálogo de séries. Confira alguns dos títulos anunciados pela NBCU para o catálogo do Peacock: Séries originais Angelyne (Minissérie) Battlestar Galactica (Reboot) Brave New World Dr. Death One Of Us Is Lying A.P. Bio Punky Brewster (Reboot) Rutherford Falls Saved By The Bell (Reboot) Straight Talk Séries originais anunciadas (unscripted) The Amber Ruffin Show Who Wrote That Real Housewives (Spinoff Sem título) #reboots #nbcu #peacock #streaming #theofficereboot #stevecarrell #punkybrewster #battlestargalactica
- Peter Pan será vilão de nova adaptação para o cinema
The Lost Girls traz a perspectiva de Wendy para debater as atitudes tóxicas dos personagens da Terra do Nunca Baseado no segundo romance da autora Laurie Fox, The Lost Girls (em tradução livre, "As Garotas Perdidas") revisita a mitologia de Peter Pan, icônica fantasia de J.M. Barrie. Aqui, no lugar de Peter Pan ser o herói da história, suas atitudes são questionadas pelas mulheres da trama. O projeto conta com nomes emblemáticos da indústria cinematográfia, como Ellen Burstyn e Emma Thompson. Com direção de Livia De Paolis - que também estrela no filme - e com presença de Gaia Wise (filha de Emma Thompson), o filme oferece uma visão integralmente feminina. Conhecida por dirigir e estrelar o filme Emoticon ;-) (2014) - junto de Carol Kane e Sonia Braga - De Paolis aposta nessa nova visão sobre o famoso personagem para discutir assuntos importantes nos dias de hoje: entre eles a masculinidade tóxica. A trama A adaptação cinematográfica acompanhará quatro gerações de mulheres que sofrem com as consequências da sua aventura na Terra do Nunca. O filme promete focar principalmente na jornada de emancipação criativa de Wendy após encontro com Peter Pan. Assim como sua avó (interpretada por Burstyn) e mãe (Emma Thompson), Wendy também precisa escapar do controle de Peter Pan enquanto ele desesperadamente a mantém no mundo dos meninos que não querem crescer. O risco ganha novas proporções quando sua filha Berry (Wise) orbita o universo de Pan. Para vencer essa força obscura, Wendy precisa iniciar uma grande jornada de reconciliação com seu legado e conexão com a própria filha. A força do romance de Laurie Fox O que fazer quando sua mãe cria você para acreditar que contos de fadas são reais? E porque mulheres se apaixonam por homens que se recusam a crescer? Essas perguntas são levantadas em resenha publicada pelo portal Publishers Weekly. As acusações que Fox levanta ao revisitar o universo de Pan já não são as únicas. A série "Era uma Vez" (Once Upon a Time) construiu todo um arco onde o garoto perdido é apresentado como vilão. Não é por menos: com ajuda de Fox é possível reavaliar as atitudes de Peter Pan quando somos guiados pela importante perspectiva feminina da trama. Afinal, Pan acorda Wendy (13 anos de idade) e a leva diretamente para a Terra do Nunca, onde seu papel é cuidar de uma legião de garotos perdidos (e que se recusam, com todas as forças, a amadurecer). Essa nova perspectiva se torna uma poderosa ferramenta de combate contra alguns padrões tóxicos de relacionamentos entre homens e mulheres. Fox levanta uma interrogação acerca desse romance auto-destrutivo em sua adaptação singular do clássico da fantasia. Reavaliando Peter Pan na era #MeToo Ao Deadline, a roteirista e diretora De Paolis comenta: "eu sempre fui fascinada pelos significados ocultos em contos de fadas desde a infância, então quando eu li o romance de Laurie Fox The Lost Girls eu imediatamente me identifiquei com a forma como ela reinventa o conto de fadas atemporal de J.M. Barrie para um público contemporâneo." Para a produção, a colaboração com De Paolis para essa adaptação traz outro ponto muito importante: retratar a mitologia de Peter Pan na era do #MeToo, contando com o protagonismo feminino por trás e diante das câmeras para melhor apresentar sua tese. Criado em 2017, o movimento #MeToo utilizou diferentes plataformas da mídia para conscientizar as pessoas a respeito do crescente problema da agressão sexual em suas mais diversas formas, principalmente nos ambientes profissionais. A hashtag foi compartilhada por milhares de pessoas, muitas delas figuras da grande mídia como atrizes de Hollywood, que também levantaram a bandeira em grandes premiações do cinema internacional. Para saber mais sobre as pautas do #MeToo e o seu trabalho desenvolvido nos últimos anos, acesse: https://metoomvmt.org/. Para comprar o livro, acesse aqui.
- Desmistificando o script doctor
O que faz um script doctor? Esse termo é realmente utilizado em Hollywood? Como se difere de um consultor? Você já deve ter ouvido falar dos script doctors. Pode até mesmo ter aprendido sobre o script doctoring em cursos ou faculdades de cinema, como é comum acontecer. Mas o que faz um script doctor? Como esse serviço é visto no Brasil e lá fora? Entenda essas e outras questões no texto a seguir. O que é um script doctor Basicamente, o script doctor é um roteirista contratado já numa etapa avançada do roteiro para identificar "problemas", erros narrativos e sugerir ajustes dramáticos. Ou seja, um roteirista que presta uma consultoria paga focada em problemas e resoluções. Aqui no Brasil, vemos que os script doctors oferecem pacotes variados (com preços e serviços diferentes) que dependem do tamanho e natureza dos problemas narrativos. Por exemplo, existem roteiristas que precisam de ajuda nos diálogos, enquanto outras precisam encaixar um novo personagem que apareceu mais tarde, etc. John August, roteirista e escritor norte-americano que tem em seu currículo títulos como Peixe Grande (Big Fish, 2003) e A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory, 2005), profere opiniões ostensivas sobre isso no seu podcast Scriptnotes. De acordo com ele e seu colega roteirista Craig Mazin (Chernobyl, Se Beber Não Case 2), um script doctor é "um roteirista estabelecido com créditos significativos que reescreve um script para abordar preocupações específicas, geralmente pouco antes do início da produção". Ele ainda elabora que "Na indústria, um script doctor [...] faz uma reescrita para corrigir alguns problemas irritantes e específicos. Ou, dependendo da sua perspectiva, destrói as coisas que tornaram o projeto único.” Essa e outras perspectivas trazidas por ele e Mazin ajudam a identificar e desmistificar esse título. Mas por que? Pois ninguém utiliza o termo script doctor em Hollywood. Se é utilizado nas produções, é motivo de grande desconforto e até risadas. O teórico script doctor reescreve os problemas do roteiro de acordo com as necessidades narrativas, mas principalmente fora da diegese (como problemas de produção, papel dos atores, etc). Logo mais, entenderemos que, na verdade, o teórico script doctor hollywoodiano realiza trabalho de três profissionais diferentes. O sistema americano de reescrita de parte do roteiro já está prevista em quase todas as produções de médio e alto orçamento. Normalmente, o próprio roteirista contratado originalmente faz o trabalho, mas é muito comum outros profissionais serem chamados para fazerem rewrites (reescritas). Isso é diferente do modo como empregamos esse termo no Brasil. Portanto, nos EUA, o roteirista que presta esse serviço de auxílio e reescrita não recebe o título de script doctor. John ainda complementa afirmando que, mesmo quando os problemas de roteiro são de ordem narrativa e existem em quantidades "cirúrgicas" e demandam menos ajustes, o crédito ainda é de "roteirista". Portanto, na visão dele, esse termo não só é irreal como mal utilizado. Mas existe script doctor em Hollywood? Não. A indústria hollywoodiana de cinema, de língua inglesa, assim como o termo, nega a existência desse título e posição. Quando John August fala sobre Steve Zaillian, roteirista renomado de filmes como A Lista de Schindler (Schindler's List, 1993), Hannibal (2001) e O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011), elucida melhor: Steve Zaillian é um script doctor conceituado. Até mesmo eu poderia ser considerado um script doctor, pois fiz um bom número desses trabalhos de emergência de última hora. Mas o cartão de visita de ninguém lê "script doctor". É uma tarefa específica na escrita de roteiro, mas não é realmente uma profissão em si. No episódio 286 (Script Doctors, Dialogue and Hacks) do podcast Scriptnotes, John menciona que não sabe exatamente de onde o termo surgiu, mas acredita ter sido da mídia. Ele conta que viu o termo "script doctor" numa entrevista em que Steven Spielberg falava de Steve Zaillian. Ali, utilizou o termo médico para ilustrar a contribuição do roteirista no projeto. Mesmo assim, ele afirma que não é um termo usado na vida cotidiana em Hollywood. Ou seja, nenhum estúdio americano realmente contrata um script doctor, pois não existe esse termo dentro da indústria. Provavelmente, como John aponta, foi originado na mídia como uma metáfora, tomando proporções maiores e universais. Isso aconteceu também com Carrie Fisher, atriz da franquia Star Wars que realizou diversos trabalhos de rewrites e contribuições narrativas para filmes e séries. Mas retornaremos ao caso de Fisher mais adiante. Além de tudo isso, o trabalho que um script doctor tecnicamente faria em Hollywood (ou em algumas produtoras brasileiras) pode ser dividido em três: do roteirista contratado para uma rewrite, do Analista de Roteiro ou do Consultor de Roteiro. O Analista de Roteiro (story analyst) De acordo com Ken Miyamoto, Analista de Roteiro da Sony Pictures, os estúdios hollywoodianos não contratam script doctors nem consultores para reescrever um roteiro, mas sim um roteirista experiente. É comum, porém, a contratação de um analista de roteiro (Story Analyst), profissionais que analisam o projeto de acordo com a visão do mercado geral. De acordo com Miyamoto, "Analista de roteiro é o termo oficial do leitor de roteiros, geralmente usado no sistema de estúdio para fins crédito e pagamento. Embora sejam altamente utilizados por estúdios, empresas de produção, empresas de gerenciamento e agências, eles não estão envolvidos com a escrita real do roteiro. Em vez disso, eles oferecem análise do roteiro na forma de cobertura de estúdio, o que implica escrever loglines, sinopses e breves notas sobre a história, enredo, estrutura, personagens e outros elementos.” Esse cargo, portanto, fica fora no espectro do roteirista, tendo muito mais a ver com a produção e distribuição dos projetos do que com a escrita em si. O Consultor de Roteiro (story consultant) Miyamoto também traz à tona a realidade do papel do consultor de roteiro na indústria norte-americana. Ele afirma que, de modo geral, grandes estúdios não têm o hábito de empregar um consultor de roteiro, mas que esse papel ainda é requisitado por roteiristas ou produtoras de modo informal. Ele afirma que "Eles [consultores de roteiro] geralmente são contratados através de sites de serviços de consultoria. Pensa-se que os dias de estúdios que os utilizam já estão longe, substituídos por executivos de desenvolvimento e colaboração entre produtores, diretores, talentos e escritores." Portanto, como no Brasil, ainda existe a ideia de consultores de roteiro que trabalham nos roteiros que ainda não foram comprados pelos estúdios ou que irão ser produzidos de forma independente. O papel do consultor tem um potencial muito maior de beneficiar o projeto quando comparado a um script doctor. Isso porque, diferentemente de um consultor, que oferece sua visão geral do filme como uma consulta, o script doctor já lê o roteiro com problemas em mente. Portanto, o script doctor acaba se colocando numa posição de superioridade ao oferecer seus serviços de análise e melhoria. Vamos discutir mais sobre isso? O que realmente significa o termo "script doctor" Existem aplicações do termo script doctor na indústria brasileira que diferem da hollywoodiana. Para nossos colegas norte-americanos, já vimos que esse crédito não existe. Craig Mazin, no mesmo episódio do Scriptnotes mencionado anteriormente, diz que "as únicas pessoas que ouvi usar esse termo são escritores inseguros tentando convencer outras pessoas de que são importantes [...]. E, felizmente, não há muitos deles". Contudo, o problema do script doctor, para eles, vai além da vergonha alheia. É uma questão de crédito no payroll. A WGA (Writer's Guild of America) trabalha duro pelos créditos e compensação correta dos roteiristas norte-americanos. Portanto, quando um estúdio contrata outro roteirista para fazer ajustes e rewrite no meio do projeto, ele precisa ser pago e creditado como tal. O Writers Guild ainda dita um mínimo específico que os membros roteiristas devem receber por uma reescrita. Quando isso não ocorre, temos fenômenos midiáticos como o "script doctoring" de Carrie Fisher. A sua atuação como roteirista foi bem prolífica: Mudança de Hábito (Sister Act, 1992) , Máquina Mortífera 3 (Lethal Weapon 3, 1992) e Hook - A Volta do Capitão Gancho (Hook, 1991) são alguns dos roteiros em que Fisher deu dicas e fez rewrites. Fisher continuou seu trabalho de "script doctor" até meados dos anos 2000. Em entrevista à Newsweek, ela conta que “Foi um episódio longo e muito lucrativo da minha vida. Mas é complicado fazer isso. Agora tudo mudou, na verdade. Agora, para conseguir um emprego de reescrita, você deve enviar suas anotações para ter idéias sobre como corrigir o script. Assim, eles recebem todas as anotações de todos os escritores, mantém as anotações e não contratam ninguém. Isso é trabalho gratuito e é o que eu sempre chamo de perda de tempo. " Outro caso é o do roteirista Charlie Kaufman, que teve uma parte não creditada no roteiro de Kung Fu Panda 2. Portanto, dar o título inventado de script doctor para roteiristas não remunerados ou creditados pela sua contribuição era algo bem comum de acontecer até pouco tempo atrás. Provavelmente, isso ainda ocorre em menor escala. Percebemos que, em vários casos, a mídia resolveu chamar esses roteiristas de script doctors pois eles não foram creditados como roteirista, já que trabalharam no roteiro e realizaram reescritas. Sobre isso, John August ilustra bem o problema quando afirma que "Então, eu acho que fazer um script doctoring significa que um escritor vem trabalhar um pouco em um projeto específico, geralmente um filme que está prestes a ser produzido. Geralmente, em uma situação de alto risco. Há atores envolvidos, diretores envolvidos, muito dinheiro está em jogo. E esse escritor está vindo para fazer um trabalho específico para consertar, mudar, alterar algo no script para tornar as pessoas mais felizes [...]. Estes são apenas roteiristas."” Já no Brasil, observamos uma realidade e um problema diferente. Aqui, vemos o termo "script doctoring" na tabela de preços da ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas), por exemplo, justamente com a compensação adequada. Portanto, não temos barreiras de injustiça financeira. O nosso problema também não é o do crédito de reescrita, pois os profissionais brasileiros não se propõe a literalmente reescrever o roteiro, como lá fora. O revés do termo script doctor na indústria brasileira se dá na perspectiva: existe uma falsa posição de superioridade empregada por alguns script doctors e isso afeta vários níveis do projeto. Somos ensinados em cursos e faculdades de cinema sobre a função necessária que realiza um script doctor - e vemos esse título ser utilizado num meio profissional com grande escala. Os profissionais que se chamam assim se dão como impreteríveis para o bem estar do projeto. Os roteiristas, quando procuram a opinião de um profissional mais renomado, já têm uma visão de que seu roteiro vai necessariamente apresentar problemas estruturais a serem modificados. Isso prejudica a nossa visão como criadores, bem como a individualidade de cada projeto. Como John August coloca, o script doctoring corre o risco de destruir as coisas que tornam o projeto único. A opinião do script doctor não é levada em conta como uma consultoria de fato quando se posiciona de modo a consertar o trabalho alheio. Quando o roteirista recebe consultorias especializadas, de roteiristas verdadeiros e com experiência, ele tende a ganhar mais. O consultor vai analisar a narrativa do filme como um todo, bem como sua linguagem narrativa. Mas o mais importante é que a diferença de perspectiva começa no nome: consultoria. A ideia é aprimorar o projeto, oferecendo outras perspectivas e caminhos narrativos - e não consertá-los. Além disso, o script doctoring pode até ser realizado de boa fé, mas é um ambiente que abre portas para propagandas enganosas. Mesmo que isso exista no âmbito da consultoria também, é mais comum encontrarmos script doctors que nunca tiveram um trabalho produzido ou publicado. A importância da experiência num consultor é grande. Só quem já entendeu na pele o processo de concepção teórica, construção narrativa, financiamento, produção e distribuição de uma peça audiovisual está habilitado a realizar consultas alheias. Tudo isso também não quer dizer que o roteiro que passa por uma consultoria terá problemas que precisam de cura. A posição do consultor deve ser trabalhar com a individualidade e intenção do autor, não em oferecer ferramentas que levem à pasteurização do produto audiovisual - e esses são riscos que o roteirista que procura um script doctoring, por sua vez, está correndo. Conclusão Em resumo, o script doctor só existe com esse nome no Brasil e em outras indústrias pontuais. Os profissionais sérios da indústria hollywoodiana não vêem o script doctoring como uma função em si. No Brasil, temos o script doctor como um consultor de roteiro que oferece soluções para problemas. Mesmo que a propaganda possa dizer o contrário, é importante sabermos que esse papel não é fundamentalmente necessário para um projeto. O que pode realmente beneficiar o roteiro é a opinião específica de um roteirista ou consultor com experiência, bem como faria um consultor hollywoodiano contratado por um estúdio. Ele poderá até sugerir mudanças, mas a perspectiva será, idealmente, de trabalhar em conjunto com as idéias do roteirista. Portanto, existem ressalvas quando se pensa na posição real de um script doctor no meio audiovisual. Tome cuidado ao consultar um profissional e sempre confie na integridade do seu projeto. #scriptdoctor #consultoriaroteiro #roteiro #Hollywood
- Em menos de 24 horas, novo livro de Stephen King fecha contrato para virar série de TV
“O Instituto” (The Institute), livro mais recente do autor americano, vai ser adaptado pelo criador da série Big Little Lies. "O Instituto", o mais recente livro do autor americano Stephen King, foi lançado nos EUA no dia 10 de setembro de 2019. Enquanto o Brasil aguarda a chegada do livro (previsto para 20/09), bastou menos de 24 horas para a nova obra receber o convite para uma adaptação televisiva. De acordo com a Variety, David E. Kelley, roteirista e produtor da série da HBO Big Little Lies se juntou com Jack Bender, diretor de Game of Thrones e a produtora Spyglass para propor uma adaptação para a TV americana. A trama acompanha um jovem garoto que perdeu os pais de forma trágica. Em determinado momento, ele acorda em um quarto muito parecido com o seu, mas com uma estranha diferença: o local não apresenta nenhuma janela. É assim que o protagonista percebe que foi sequestrado e encontra-se agora em um lugar conhecido como The Institute (o instituto), onde ele divide espaço com outros jovens que começam a desenvolver alguns poderes sobrenaturais. Lauren Whitney, presidente do setor televisivo da Spyglass, comenta à Variety que está “empolgada em colaborar com esse time dos sonhos, incluindo o incomparável David E. Kelley e Jack Bender, o ‘arquiteto’ por trás desse projeto”. Lauren também revela que o contrato veio através de um competitivo processo de aquisição, o que é de se esperar. Com mais de 60 títulos adaptados para cinema e TV em sua carreira, Stephen King acumula alguns sucessos e é um grande “ícone das adaptações”. A equipe dos sonhos Atualmente conhecido por seu trabalho em Big Little Lies, não é novidade para David Kelley desenvolver sucessos para a TV. O roteirista/produtor também assina outros títulos como "O Desafio" (The Practice, 1997-2004) e "Justiça Sem Limites" (Boston Legal, 2004-2008). Além disso, ainda é responsável por outra recente adaptação do universo Stephen King - Mr. Mercedes, também uma parceria com o diretor Jack Bender. Bender, por sinal, também esteve em outras produções bem relevantes. Foi diretor e produtor em séries de sucesso como Lost (2004-2010), mas também fez parte da equipe de "Família Soprano" (The Sopranos, 1999-2007) e "O Domo" (Under the Dome, 2013-2015). Sobre o novo projeto não há ainda informações a respeito de onde e quando poderemos ver mais essa adaptação de Stephen King. Sabe-se apenas que os produtos audiovisuais derivados do seu universo literário estão bem em alta. Independente da plataforma de exibição, fica a curiosidade.
- Os 11 melhores filmes de terror dos últimos tempos
Filmes que não desapontam na hora de levar aquele susto com qualidade Filmes de terror ou realmente assustadores existem em grande quantidade por aí, mas às vezes passam despercebidos. Se você já assistiu a todos os filmes de terror mais clássicos, como O Iluminado e Os Outros, deve estar procurando filmes mais atuais para assistir naquele sábado à noite. Pensando nisso, fizemos uma lista com 11 melhores filmes de terror dos últimos tempos. O filme mais antigo da nossa lista é de 2012. Alguns títulos são bem conhecidos e queridinhos pelos fãs do gênero. Já outros, não se ouve muito falar, mas vale a pena assistir. Confira: 11. O Ritual (The Ritual, 2017) "O Ritual" não é um filme perfeito, mas se destaca como um dos melhores filmes de terror que passaram despercebidos por muitos nos últimos tempos. Foi adquirido pela Netflix, mas já saiu do catálogo. Numa atmosfera de terror psicológico, o filme é sobre um grupo de amigos que se reúne para uma viagem à floresta, mas que encontra uma presença ameaçadora que os persegue. Se você curte filmes de terror na floresta ou sobre rituais bem tensos, esse é um título bem feito que vai render algumas boas horas de entretenimento. Assista ao trailer: 10. Hush - A Morte Ouve (Hush, 2016) "Hush" é um filme de terror/suspense sobre Maddie, uma escritora surda que vive isolada. Quando um assassino mascarado aparece em sua janela, ela precisa sobreviver a qualquer custo. Vale a pena assistir pela atmosfera e pelo jeito como a narrativa é conduzida. Mesmo com a temática bem gasta de uma invasão domiciliar, temos uma sensação nova ao acompanhar essa protagonista surda num jogo de sobrevivência que exige muito dela. O filme consta no catálogo do Netflix. Portanto, é uma escolha bem conveniente. Assista ao trailer: 9. Antiviral (2012) Escrito e dirigido por Brandon Cronenberg (filho de David Cronenberg), "Antiviral" é um filme de terror não muito convencional e que divide os espectadores. Se passa num futuro próximo e bizarro, onde uma indústria próspera literalmente vende doenças adquiridas por celebridades para fãs obcecados. Numa crítica narrativamente bem feita, o universo de "Antiviral" possui diversas regras e procedimentos nojentos. O protagonista Syd March (atuação ótima de Caleb Landry Jones) é um funcionário viral que entra num esquema de mercado negro do vírus. O filme entra num ritmo de thriller quando o plano de Syd sai pela culatra. Assista ao trailer: 8. Infectado (Afflicted, 2013) Uma boa surpresa para quem curte filmes found footage, "Infectado" é um filme sobre dois melhores amigos que veem a viagem que tanto planejaram tornar-se um pesadelo quando um deles é atingido por uma infecção misteriosa. Naturalmente, procuram saber o que é - e a resposta é bem aterrorizante. Dá para ver que o filme tem um baixo orçamento, mas sua criatividade rende uma boa narrativa. Vale alguns bons sustos e uma história bem contada pelos personagens principais. Assista ao trailer: 7. Sala Verde (Green Room, 2015) Outro título que surpreende, "Sala Verde" é um terror/thriller sobre uma banda de punk rock que precisa lutar pela sobrevivência depois de testemunhar um assassinato num bar de skinheads nazistas. É um filme com violência gráfica, mas bem justificada pelo contexto. Os atores são bem dirigidos, assim como a atmosfera geral de violência iminente. Assista ao trailer: 6. It: A Coisa (It, 2017) Que dúvida que teríamos alguma adaptação de Stephen King em nossa lista de melhores filmes de terror. Nesse remake, que se passa em 1989, um grupo de crianças do Maine se junta para destruir um monstro que se disfarça de palhaço e ataca outras crianças. "It: A Coisa" é um filme que aposta muito na cinematografia, efeitos especiais e no personagem do palhaço Pennywise, bem interpretado por Bill Skarsgård. Tem aquele "quê" de terror infantil, mas rende alguns ótimos momentos de tensão. A segunda parte da franquia, "It: Capítulo Dois", estreou no Brasil no dia 5 de Setembro. Assista ao trailer: 5. As Boas Maneiras (2017) Dos brasileiros Marco Dutra e Juliana Rojas, "As Boas Maneiras" conta a história de Clara, uma enfermeira solitária que é contratada por Ana como babá de seu filho ainda não nascido. As duas mulheres desenvolvem um vínculo muito forte, mas conforme a gravidez vai avançando, Ana começa a se comportar de maneira cada vez mais estranha. Um noite fatídica muda a vida das duas. É um dos melhores filmes de terror atuais para quem curte um terror clássico e uma boa crítica social. Assista ao trailer: 4. Um lugar silencioso (A Quiet Place, 2018) Uma das revelações atuais do gênero de terror, "Um Lugar Silencioso" não poderia faltar na nossa lista de melhores filmes de terror dos últimos tempos. Nele, uma família que vive num mundo pós-apocalíptico é forçada a viver em silêncio enquanto se protege de monstros com audição ultra-sensível. O primeiro filme do ator John Krasinski (Jim em The Office) traz no elenco a atriz Emily Blunt, esposa de John tanto no filme como na vida real. "Um Lugar Silencioso" consegue criar uma narrativa envolvente e bem construída, também trabalhando com o elemento da surdez em uma das personagens principais (interpretada por Millicent Simmonds). Assista ao trailer: 3. A Bruxa (The VVitch: A New-England Folktale, 2015) O primeiro filme de Robert Eggers (produzido pela A24 e também pela RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira) se tornou instantaneamente um novo clássico do terror psicológico. Em "A Bruxa", uma família religiosa que vive isolada na Nova Inglaterra de 1630 é dividida pelas forças da bruxaria, magia negra e possessão. A direção e narrativa do filme são excelentes, trazendo dúvidas constantes sobre a ambiguidade do significado narrativo. Thomasin (Anya Taylor-Joy) é realmente uma bruxa? Estariam os cinco filhos da família devota realmente possuídos? Se você procura um bom mistério, "A Bruxa" é uma das melhores apostas no quesito filmes de terror atuais. Assista ao trailer: 2. O Homem nas Trevas (Don't Breathe, 2016) Um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos é "O Homem nas Trevas", do diretor uruguaio Fede Alvarez. No filme, um trio de ladrões invade a casa de um senhor cego, na esperança de roubar uma bolada. As coisas se tornam muito aterrorizantes quando eles descobrem que o homem não é tão impotente quanto parece. "O Homem nas Trevas" fornece momentos de pura tensão muito bem dirigidos, assim como um final satisfatório. Além disso, é indicado também para aqueles que curtem uma violência mais gráfica. Assista ao trailer: 1. Corra! (Get Out, 2017) Um dos grandes sucessos dos últimos tempos, "Corra!" é um thriller social que flerta com o terror e que atingiu uma bilheteria de US$ 255 milhões. Isso supera - e muito - seu orçamento de US$ 4,5 milhões, muito bem utilizados num ótimo primeiro filme por Jordan Peele. O filme conta a história de Chris (Daniel Kaluuya), um jovem afro-americano que visita a família de sua namorada branca. Lá, em meio a um racismo incrivelmente bem construído, sua integridade e sobrevivência é posta em risco quando tudo chega a um ponto de ebulição. "Corra!" ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2017. Assista ao trailer: Curtiu nossas recomendações de melhore filmes de terror atuais? Comente abaixo sobre outros filmes de terror de destaque e outras listas que você gostaria de ver. #melhoresfilmesdeterror #listademelhoresfilmes #filmesparaver #recomendaçãodefilmes
- Hollywood e a crise do remake
Como a disputa entre roteiristas e agências hollywoodianas vem matando as ideias originais Diferente do mercado audiovisual brasileiro, a indústria americana trabalha muito com a figura dos agentes. No caso dos roteiristas, são eles (e suas empresas) que fazem o meio campo entre autores e estúdios, negociando cachês e condições de trabalho. Embora faça muito parte da engrenagem do mercado hollywoodiano, um crescente atrito entre roteiristas e agências de representação artística vem tomando recentemente o mercado hollywoodiano, impactando muito mais do que os contratos individuais. O que realmente está acontecendo, afinal? Que tipos de atritos existem entre o sindicato de roteiristas norte-americanos e os agentes que os representam? E mais: como tudo isso está impactando o funcionamento de toda a indústria cinematográfica? Vamos entender em detalhes a origem dessa disputa, seus sintomas e problemas futuros que podem surgir com base nisso. A raíz do problema Antes de mais nada, vamos entender melhor os envolvidos nos dois lados dessa equação. A WGA (Writers Guild of America West), de um lado, é o sindicato que representa autores-escritores dos EUA, conhecida principalmente pelo seu papel entre os roteiristas em Hollywood. A WGA foi responsável pela greve de 100 dias que parou Hollywood em 2007. Na época, diversos programas televisivos entraram em hiato e até mesmo tiveram temporadas mais curtas como resultado dessa paralização geral. Do outro lado do ringue está a ATA, um coletivo de mais de 100 agências de talentos que representam artistas nos EUA. Entre essas tantas, existem quatro super-agências conhecidas como The Big Four (As Quatro Grandes). São elas as empresas Creative Artists Agency, William Morris Endeavor, United Talent Agency e ICM Partners. Estima-se que juntas elas acumulam, sozinhas, quase 70% dos ganhos de representantes da WGA (segundo o próprio sindicato). Afinal, onde começou o problema que hoje vem se intensificando? De acordo com a própria WGA, entre os anos de 2014 e 2016 a média de salário de roteiristas-produtores de TV caiu em 23%. A WGA afirma que isso se deu muito pelo boom dos serviços de streaming (como Netflix e Amazon Prime). Essas novas majors são responsáveis por movimentar a economia criativa por ium lado, mas também levaram a criação de séries televisivas com temporadas mais curtas. Produzindo temporadas de em média 10 episódios, a Netflix vem alterando a lógica do mercado audiovisual americano, acostumado a manter seus autores em contratos envolvendo mais de 20 episódios por season. Menos episódios significa contratos menores. Ou seja: salários igualmente reduzidos (isso sem contar na questão dos residuals). Para defender melhores contratos, os autores da WGA esperavam contar com o apoio das agências que os representam, afinal de contas. É aí que o problema começa. O sindicato dos autores afirma que as agências não estão mais agindo a favor deles, mas apenas do seu próprio interesse financeiro. Esse conflito curioso parece ir contra a própria lógica de agenciamento. Se as grandes agências ganham proporcionalmente aos contratos que conseguem para os seus autores, como "agir por interesse próprio" iria contra lutar por melhores cachês e condições de trabalho para os roteiristas? Segundo a WGA, a questão é que grande parte das agências de talentos foi vendida para outras empresas privadas no decorrer dos anos. Isso teria influenciado toda a lógica operacional das mesmas, que já não estariam atendendo mais aos interesses dos seus agenciados. Grandes empresas e investidores (inclusive poderosas casas de produção) já detém porções e ações das maiores agências de Hollywood, trazendo-as mais para perto do seu objetivo comercial. Algumas delas, como é o caso da Endeavor, já deixam de ser apenas agências para se tornarem verdadeiros estúdios. Agora vem a pergunta: se o papel da agência é defender melhor salários e condições para os roteiristas, qual é o interesse delas nessa nova fase, onde se aproximam muito mais dos próprios estúdios que lucram restringindo as margens financeiras dos seus roteiristas contratados? Recentemente a WGA anunciou estar planejando encerrar o contrato conhecido como Artists' Manager Basic Agreement, responsável por alimentar essa engrenagem que vem mantendo a relação entre agências e roteiristas norte-americanos desde 1976. Negociações para um novo contrato vem sofrendo fortes turbulências, uma vez que ambas as partes não concordam com todos os termos. Para o sindicato dos roteiristas, um dos grandes problemas dessa nova conduta das agências está na forma como elas se apropriam de propriedades intelectuais. Deter "propriedades intelectuais" é a mina de ouro do mercado hollywoodiano e já vem transformando todo o setor de agenciamento. Seja assumindo uma parcela de lucro dos filmes ou programs de TV, ou mesmo adquirindo produtos midiáticos como o UFC (Ultimate Fighting Championship), o controle de propriedades intelectuais vem mudando o jogo. As agências, a propriedade intelectual e a era das "versões" Hollywood vive uma era de reciclagem audiovisual, seja através de remakes, reboots ou a boa e velha "versão americana" de conteúdos estrangeiros. Com a decadência dos conteúdos originais, fica mais difícil o surgimento de novas e inspiradoras vozes no cinema. Com poucos recursos, muitos autores buscam no cinema independente um espaço para explorar a sua voz artística. Aqui, no entanto, estamos falando de filmes com maior alcance e como as relações de trabalho acentuam os atritos entre roteiristas e a indústria norte-americana. Agora fica a reflexão: porque isso acontece? Quem lucra com esse tipo de negócio? Vamos entender melhor esse ponto a seguir. Vivemos um período onde alguns titãs de Hollywood concentram propriedades intelectuais bilionárias, boa parte representadas pela nova onda de filmes de super heróis. A lógica da indústria cinematográfica está voltada totalmente para isso (afinal, dá muito lucro). Essa concentração de recursos vem restringindo bastante o investimento em filmes de orçamento "médio". Toda uma camada de profissionais que viam nesses filmes sem orçamentos bilionários e imenso apelo de público uma alternativa anda com dificuldades em encontrar formas de financiamento/inserção. Como resultado, um abismo vem se abrindo entre dois extremos: ou você se torna um roteirista milionário que trabalha com franquias de muito sucesso, ou você junta seus trocados em pequenas janelas de investimento/exibição. Todo um "meio termo" parece estar perdido. Onde ficam os filmes de arte no meio disso tudo? A solução muitas vezes é buscar fundos de investimento internacionais, dependendo da confiança artística de barões culturais em um sistema que opera muito em "fundo perdido" (apenas em termos financeiros, é claro). Muitos podem acreditar que esse é um problema de "nicho", mas a verdade é que vem impactando bastante a indústria do cinema norte-americano. A relação das agências com essa lógica de apropriação da propriedade intelectual vai ainda mudar muito o cenário do cinema. Porque é tão difícil negociar ideias originais em Hollywood? Esse movimento que as agências artísticas vem tomando - de uma empresa onde o autor é a sua principal fonte de renda para um negócio onde ele é apenas mais um asset no seu portfólio - alterou as formas de negociação. Elas entenderam a nova lógica do mercado e parecem não ter tanto interesse assim em lutar contra ela. Afinal, vimos anteriormente que investidores (mesmo de grandes estúdios de produção) já dominam esse campo. Um dos grandes sintomas dessa mudança de ares está na crescente dificuldade, por parte dos autores, em emplacar suas ideias originais em uma indústria tomada por remakes. A verdade é que produtores e executivos preferem investir em produtos derivados dos chamados IPs (Intelectual Properties). Mesmo quando uma ideia original ganha a simpatia de executivos, o primeiro movimento tende a ser associá-la a um IP existente (de preferência que eles tenham os direitos ou acesso fácil). A lógica agora é essa: IP se tornou tendência, enquanto conteúdo original virou sinônimo de fracasso. Isso ocorre por conta da ideia que a indústria cinematográfica tem dessa propriedade intelectual: normalmente ela vem com um valor associado e quantificado. E outra: propriedade significa "deter os direitos de algo". Os estúdios não querem mais investir em novas ideias. Eles querem ser donos das suas próprias. Se eles não criam, então eles compram, simples assim. A Disney é um exemplo claro disso, adquirindo propriedade intelectual por todos os lados (Pixar, a franquia Star Wars, Universo Marvel, só para citar alguns). Com isso, a Disney se transformou em uma mega-corporação de extremo valor na indústria. Qual o recado por trás disso tudo? A Disney, por exemplo, ainda pode e vai investir em alguns conteúdos originais. A questão não é essa. A questão é que ela não precisa mais disso para sobreviver. Pelo contrário: sua sobrevivência e crescimento se dá pelos IPs adquiridos. IPs atraem executivos como nenhum ideia original. Eles já existem no mercado, tem seu valor próprio, são uma "marca" fácil de associar argumentos de venda e aquietar a ansiedade de investidores que se perguntam, o tempo todo, se aquilo vai dar dinheiro ou não. Porque os IPs resultam em piores contratos para roteiristas? Se formos resumir a questão em uma metáfora, é como se a indústria hollywoodiana estivesse investindo forte em combustíveis fósseis, enquanto ignora novas fontes de energia. O combustível fóssil está aí, funciona, movimenta a economia e não representa um investimento de tanto risco. Mais e mais, Hollywood existe em volta da reciclagem de antigos produtos audiovisuais, adaptações literárias e outras fontes de propriedade intelectual já estabelecida. Aqui se faz uma engenharia inversa, do marketing para a criação (e não o contrário). Os advogados têm um papel cada vez mais importante nessa indústria, uma vez que ela está alicerçada em aquisição, transferência, separação ou integração de direitos. Aqueles que detém direitos sobre uma propriedade intelectual lucram cobrando algo como um "aluguel", com tempo determinado em contrato. Investir em filmes ou séries que tem origem em propriedade intelectual de terceiros (como franquias de sucesso da década passada, por exemplo) transforma a relação de trabalho em Hollywood em um sistema top-down. Nesse meio, os roteiristas precisam passar constantemente por "audições" para conquistar contratos de adaptação. Aí entra um primeiro fator: os cachês base para adaptações são menores que aqueles que envolve o desenvolvimento de produtos originais. Outro ponto envolve o sistema de pitchings, onde roteiristas elaboram uma apresentação oral da sua ideia a fim de fechar contrato. No cenário atual, roteiristas não recebem pelo trabalho de elaboração de pitching com a sua visão original acerca daquele IP. Executivos tem acesso a uma série de apresentações com visões diferentes para uma mesma adaptação, tudo isso sem custo. Combinar ideias de múltiplas fontes é uma prática comum no mercado, mostrando que esse novo sistema favorece muito mais as grandes majors. IPs valiosas não significa também contratos gordos com autores? Até significa, mas são poucos os roteiristas que tem acesso a esses trabalhos. Quando Hollywood ainda lucrava muito com ideias originais, buscava-se o próximo grande hit em fontes variadas, de pessoas com trajetórias distintas. Quais são os roteiristas que os grandes estúdios confiariam seu valioso IP adquirido? É claro, aqueles poucos que já trabalharam com outros sucessos remasterizados. Dificilmente um roteirista em começo de carreira receberá o convite para adaptar aquele super best-seller. Por fim, esse sistema fez com que o roteirista se tornasse ainda mais descartável. Não me entenda mal, os roteiristas já são bem descartáveis em Hollywood faz algum tempo. O problema é que isso apenas piorou. Ao investir em projetos originais fica um pouco mais difícil de se livrar do autor da ideia. Uma vez que os roteiristas se envolvem mais com IPs alheios, propriedade do próprio estúdio, os mesmos se sentem mais confortáveis para substituir ou mesmo pressionar seus autores a seguirem certas "agendas". Nisso tudo, onde entram as agências? As agências e o problema do packaging Para as agências também é um bom negócio trabalhar com conteúdos que já existem no mercado através da aquisição de direitos. Livros, linha de brinquedos, jogos eletrônicos, filmes e séries estrangeiras, tudo isso entra nesse jogo. Primeiro, uma ideia original exige um poder de convencimento muito maior e uma apresentação mais rebuscada. Se o projeto é derivado de algo que já existe, esse produto serve como um proof of concept, capaz de exibir o seu valor artístico e financeiro ao mesmo tempo. Portanto é possível entender que o comodismo das agências em entrar nesse negócio vem alimentando bastante o problema. Elas são literalmente "agentes ativos" nessa equação complexa. Outro ponto é a facilidade em fazer o chamado packaging, uma prática antiga em Hollywood mas que, segundo a WGA, vem ganhando proporções nocivas para o mercado. Mas o que é packaging, afinal? A tradução do termo, em português, seria algo como "empacotar". Fica estranho, mas ajuda a compreensão. É basicamente isso que as agências fazem - um "pacote de talentos". Essa é outra forma que elas têm de ganhar vantagem sobre roteiristas e estúdios de produção. As agências normalmente não trabalham apenas com roteiristas. Elas têm diretores, atores e todo o tipo de talentos no seu portfólio. Em agências grandes, esses talentos representam grandes nomes da indústria cinematográfica. Ao apresentar o projeto de um dos seus autores, é comum que o estúdio ache mais interessante se o mesmo estiver associado a um ator famoso ou uma diretora de sucesso, por exemplo. Isso é muito mais atraente para os executivos. Se esses talentos fizerem parte da sua cartilha de clientes, as agências podem associá-los aos projetos em uma espécie de venda casada. Com isso, a agência recebe uma quantia do estúdio por providenciar a ele esse almejado "pacote". Essa lógica de venda associada vem rendendo processos por parte de roteiristas, que se sentem lesados nessa relação. Ao lucrar com estúdios através do packaging, a WGA afirma que as agências não estão mais trabalhando para providenciar melhores contratos aos roteiristas. O objetivo de eliminar essa "taxa de packaging" paga pelos estúdios tem um segundo propósito digno de nota: grandes quantias saem do orçamento de produção diretamente para os bolsos das agências, que ganham um extra fazendo, essencialmente, o seu trabalho. Segundo a WGA, as cifras vão de U$ 30 a 100 mil por episódio de uma série de TV. É por isso que o sindicato vem aconselhando seus autores a encerrar negócio com as agências, tomando seus próprios rumos nesse cenário caótico. Com a nova lógica de investimento por trás dos estúdios e agências, investidores que detém ações das empresas podem lucrar mesmo antes do produto estar pronto, apenas através dos astros e talentos associados a cada projeto. Sobrevivendo a essa nova era No fim, a batalha que a WGA vem tomando nesses últimos anos pretende melhorar essas relações de trabalho e impedir que os roteiristas permaneçam como o elo fraco nessa cadeia multi-milionária. É importante que esse passo seja tomado para impedir que o interesse financeiro dite a regra do jogo. Caso contrário, se tornará insustentável para os autores em Hollywood sobreviver artisticamente nesse cenário. Até o presente momento, as grandes agências não estão dispostas a ceder o sistema de packaging. Por outro lado, os autores descobriram outras vias, procurando agências menores e movimentando o mercado de forma um pouco mais democrática. Esse pode ser o início de uma nova revolução na indústria cinematográfica hollywoodiana. Para isso, porém, ainda temos um longo caminho pela frente.
- Co-roteirista de 'Podres de Ricos' sai do projeto de continuação por disparidade de salário
Adele Lim teria sido oferecida pela Warner Bros. apenas 10% do salário do seu colega Peter Chiarelli A diferença de salário nas super-produções de Hollywood (o fenômeno Hollywood Wage Gap) vêm sendo desafiada há alguns anos. Infelizmente, ainda vemos muitos casos como o de Adele Lim, co-roteirista da comédia romântica "Podres de Ricos" (Crazy Rich Asians, 2018). Em matéria exclusiva, o The Hollywood Reporter divulgou que Lim teria abandonado o projeto de continuação do filme por ter sido oferecida um salário muito menor que seu colega Peter Chiarelli. De acordo com o site, a informação do salário inicial oferecido pela Warner Bros. a Chiarelli era de $800,000 a $1 milhão, comparado à $110,000 oferecidos a Lim. A questão foi tratada pelo estúdio como uma medida padrão referente à experiência dos profissionais. Até mesmo o presidente e diretor de conteúdo da Warner, Toby Emmerich, repetiu que as medidas tomadas pelo estúdio já existem no mercado - mas Lim acredita que não seja o caso. "Ser avaliada desse jeito me faz crer que é assim que eles vêem minhas contribuições" diz Lim ao THR. O portal também reporta que o co-roteirista Peter Chiarelli ofereceu a divisão de seu salário com Lim. Veterano na indústria, Chiarelli assina títulos como "A Proposta" (The Proposal, 2009) e "Truque de Mestre: O 2º Ato" (Now You See Me 2, 206), enquanto Lim tem sua carreira sedimentada como roteirista veterana de televisão. A continuação de "Podres de Ricos" seria o segundo título de longa-metragem da carreira de Lim, que já escreveu para séries como One Tree Hill (2003-2012) e Reign (2013-2017). Sobre essa iniciativa por parte do colega, Lim comenta que "Peter [Chiarelli] sempre foi incrivelmente gracioso, mas eu não deveria depender apenas da generosidade de um roteirista branco. Se eu não consigo receber um salário igual após 'Podres de Ricos', nem consigo imaginar como deve ser para todo os outros, dado o altíssimo padrão de filmes no currículo para contratarem mulheres de cor. Não existe uma forma realista de atingir equidade desse jeito”. Ainda se referindo à grande disparidade de salário enfrentada por mulheres, pessoas negras e imigrantes nessa indústria, Lim acredita que existam as contratações "soy sauce", que são empregadas pelas produtoras e estúdios como meio de apaziguar críticas e adicionar elementos culturais específicos nos roteiros. Tanto Chiarelli quanto Jon M. Chu, diretor do filme e de sua continuação, expressaram seu descontentamento com a situação. Na matéria do THR, consta que Chu gostaria muito que o time criativo ficasse intacto. Manter a parceria realmente seria ideal, visto que a presença da co-roteirista de origem asiática no projeto poderia continuar a impulsionar a luta por representatividade por trás das das câmeras. Mesmo assim, sua recusa trouxe ainda mais atenção midiática ao problema. Além disso, os lucros de bilheteria global atingidos por "Podres de Ricos" foram de U$ 238,5 milhões até agora. A comédia romântica estrelada por Constance Wu, Henry Golding, Gemma Chan e Awkwafina tornou-se um real sucesso de audiência, com uma continuação prevista para 2020. Por enquanto, o THR reportou que a continuação da franquia será escrita por Chu e Chiarelli, que estariam adaptando os outros dois livros da trilogia literária original de Kevin Kwan. "Há muita responsabilidade e muitos precedentes no primeiro filme, portanto, a última coisa que quero fazer é simplesmente marcar uma data e lançar o filme", diz Chu à THR. "Ainda temos muito trabalho pela frente. Nosso foco não está na data de lançamento, mas em acertar a história." Adele Lim, por sua vez, está trabalhando no roteiro do projeto de animação "Raya and the Last Dragon" com a Disney. A animação está prevista para lançamento em 2020 e conta com Awkwafina no elenco de dublagem. Confira abaixo o trailer de "Podres de Ricos":